O Romantismo brasileiro surgiu em 1836
com a publicação de “Suspiros Poéticos e Saudades” de Gonçalves de Magalhães.
Mas se originou mesmo na Alemanha e Inglaterra no final do séc. XVIII e se
desenvolveu no Brasil durante o séc. XIX. O estilo romântico revela-se
inicialmente idealista e sonhador, depois, crítico e retórico mas sempre
sentimental e nacionalista.
A característica principal da Poesia
Romântica é a expressão plena dos sentimentos pessoais, com os autores voltados
para o seu mundo interior e fazendo da literatura um meio de desabafo e
confissão. A vida passa a ser encarada de um ângulo pessoal, em que se
sobressai um intenso desejo de liberdade.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
-Exaltação dos sentimentos pessoais;
-Expressa os estados da alma;
-Exaltação da liberdade, igualdade e reformas sociais;
-Valorização da natureza;
-Sentimento nacionalista
A primeira fase do Romantismo
brasileiro, compreendida entre os anos de 1836 e 1852, caracterizou-se pela
busca de definição de uma identidade nacional. Reunidos em torno de Gonçalves
de Magalhães, cuja obra Suspiros Poéticos e Saudades, de 1836, é tida
como marco fundador do movimento no Brasil, um grupo de homens públicos e
letrados articulou a formação de um clima de opinião favorável à autonomia
cultural do país. O processo de emancipação desencadeado daí em diante deve ser
entendido, no plano cultural, como o equivalente da independência política,
conquistada em 1822.
O fervor patriótico desse grupo,
integrado por Martins Pena, Francisco Adolfo de Varnhagen e João Manuel Pereirada Silva, entre diversos outros, manifestou-se inicialmente por meio da
imprensa, que desde a chegada de D. João VI, em 1808, tomava impulso no país.
Nas três primeiras décadas do século XIX, foram fundadas dezenas de jornais e
revistas, a maioria de duração efêmera. Mas a proliferação desses periódicos,
geralmente dedicados à política, literatura e ciências, exprime a urgência e o
anseio de expressar e fazer circular publicamente o conhecimento e a opinião.
A revista Niterói, fundada em
1836 por Gonçalves de Magalhães, Manuel de Araújo Porto-Alegre e Francisco SalesTorres-Homem, participa desse contexto de florescimento da
imprensa. A publicação, também de cunho científico, literário e artístico, foi
fundada em Paris e tinha como epígrafe a frase "Tudo pelo Brasil e para o
Brasil", e foi a primeira a promover a difusão consciente do Romantismo no
país. O programa de reforma e nacionalização da literatura brasileira, veiculado
por artigos e estudos publicados na revista, tinha origem nas idéias do
escritor português Almeida Garrett e do historiador francês FerdinandDenis (1798 - 1890), pioneiro no estudo da literatura brasileira.
Foi à poesia, porém, que coube o papel
de consolidação do Romantismo no país. Mais especificamente a Gonçalves Dias, o
poeta mais representativo da primeira fase do movimento. Em poemas de temática
indianista, como I- Juca Pirama, ou patriótica, como Canção do Exílio,
ele transformou em experiência o que antes era apenas tema. A transformação
fica evidente ao se comparar "O Dia 7 de Setembro", de Gonçalves de
Magalhães, com a "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. O assunto comum -
o amor e a saudade da pátria - é abordado em tom protocolar e oficial no poema
de Magalhães, ao passo que Gonçalves Dias harmoniza rigor formal e sentimento
num poema ainda hoje capaz de fazer vibrar as cordas do amor pelo país natal.
Graças à complexidade dos recursos
formais empregados por Gonçalves Dias, saudade, melancolia, natureza, índio,
enfim, toda a galeria temática do Romantismo ganha significado para além da
tentativa de se fazer um mero registro da realidade do país.
A primeira geração:
(Nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado
histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde
surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade
são outras características presentes.
Principais autores: podemos destacar Gonçalves de
Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o
introdutor do Romantismo no Brasil.
Principais obras: Suspiros Poéticos e Saudades.
Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras:
Canção do exílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois
a Revista Niterói-Brasiliense.
Características: nacionalismo ufanista, o indianismo,
o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo
e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação
da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
No Romantismo, o indivíduo sente-se em
desajuste com a sociedade, por isso a necessidade de fugir da realidade. Um dos
mecanismos usados para fugir da realidade é voltar-se para o passado.
No Romantismo europeu, a volta ao
passado histórico leva à Idade Média, onde estão as origens das nações
europeias. Mas, como o Brasil não teve Idade Média, voltar ao passado significa
redescobrir o país antes da chegada dos europeus, quando era habitado por
nações indígenas.
Valorização da natureza
Outro mecanismo usado para fugir da realidade é voltar-se para paisagens novas,
que podem ser exóticas, como o Oriente, ou primitivas, como a selva. Por isso,
uma das características da nossa primeira geração romântica é a valorização
da natureza pátria. Assim como o índio, foi escolhida como um dos símbolos
da nacionalidade brasileira, como ocorre nos versos de Gonçalves Dias, do poema
Canção do Exílio (1843), um dos mais citados em nossa cultura.
O tema que fascinou os escritores da
segunda geração romântica brasileira foi a morte. Nas obras dos escritores
desse período está presente uma visão negativa do mundo e da sociedade, onde
expressam seu pessimismo e sentimento de inadequação à realidade, pois viviam
uma vida desregrada, dividida entre os estudos acadêmicos, o ócio, os casos amorosos
e a leitura de obras literárias, como as de Musset e Byron.
A segunda geração, também conhecida como ultrarromantismo, encontra no Brasil
discípulos fervorosos, que diante do amor apresentam uma visão dualista,
envolvendo atração e medo, desejo e culpa. Em seus poemas, a imagem de
perfeição feminina apresenta os traços de morte, condenando implicitamente
qualquer forma de manifestação física do amor.
Álvares de Azevedo (1831- 1852)
Pode-se dizer que sua obra possui características góticas, pois retratam
paisagens sombrias, donzelas em perigo, personagens misteriosas, envoltas em
vultos e véus entre outros.
O amor para Álvares de Azevedo é visto
sob um plano imaterial, consequentemente, a figura feminina representa algo
intocável. A começar pelo título (Pálida Inocência) infere-se que tal
constatação se perfaz de extrema veracidade, pois o adjetivo “pálida” revela
aquela mulher natural, isenta de quaisquer elementos que possam despertar senão
o respeito e adoração, representando, portanto, alguém com poderes divinos,
santificados. Mesmo que o eu-lírico manifeste desejos, esse amor está aquém de
suas vontades, ficando somente no plano dos sonhos.
A frustração presente em sua obra é
amenizada apenas através da lembrança da mãe e da irmã. Além disso, a perspectiva
da morte, apesar de assustadora, traz conforto por saber que cessará a dor
física causada pela doença e pelos sofrimentos amorosos do poeta.
Os aspectos formais de sua obra são
considerados fracos, porém, sua temática revela grande importância no
desenvolvimento da poesia romântica para as letras brasileiras. Sua linguagem
simples, acompanhada por um ritmo fácil, rima pobre e repetitiva revelam um
poeta empenhado na expressão dos sentimentos saudosistas com relação à pátria e
à infância.
sua obra cresce consideravelmente em
função das amarguras da vida causadas pelas perdas dos filhos (outro filho seu
morre, também prematuramente) e da esposa. Ela é variada e gira em torno da
exaltação da natureza e da pátria, da morte, do mal-do-século, do sentimento
religioso, além de poemas que tratam da abolição da escravatura em que prega
uma América livre, como é o caso dos poemas presentes no conjunto Vozes da América (1864). Faleceu jovem, aos trinta e três anos.
A terceira geração é também conhecida
como “O condoreirismo”, os poetas dessa geração apresentam estilo grandioso ao
tratarem de temas sociais, eram comprometidos com a causa abolicionista e
republicana desenvolvendo, assim, a poesia social.
Castro Alves é o poeta que mais se destaca. Inspirado nos princípios de VictorHugo, ele começa a escrever poemas sobre a escravidão. Há, retratado em seus
poemas, o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a escravidão dos
negros, a opressão e a ignorância do povo brasileiro.
Castro Alves ficou conhecido como “o poeta dos escravos”.
Uma das principais características de
sua obra é a eloquência, a utilização de hipérboles, de antíteses, de
metáforas, comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da
sugestão de imagens e do apelo auditivo. O poeta também faz referência a
diversos fatos históricos ocorridos no país, tais como a Independência da
Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na peça O Gonzaga ou a Revolução de
Minas)
Diferentemente dos poetas da primeira
geração, individualistas e preocupados com a expressão dos próprios
sentimentos, Castro Alves demonstra preocupação com os problema sociais
presentes na sua época. Demonstra também um certo questionamento aos ideais de
nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um país cuja economia estava
baseada na exploração de sua população (mais especificamente dos índios e dos
negros)?
A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas
ultrarromânticos da geração precedente.
a) poesia lírico-amorosa: a poesia
lírico-amorosa está associada ao período em que o poeta esteve envolvido com a
atriz portuguesa Eugênia Câmara. Assim, a virgem idealizada dá lugar a uma
mulher de carne e osso e sensualizada. No entanto, o poeta ainda é um jovem
inocente e terno em face a sua amada corporificada e cheia de desejo.
b) poesia social: poeta da liberdade, Castro
denuncia as desigualdades sociais e a situação da escravidão no país, além de
solidarizar-se com os negros, que eram trazidos de modo precário dentro dos
navios negreiros. Castro clamava à natureza e às entidades divinas para que
vissem a injustiça cometida pelos homens sobre os homens e interviessem para
que a viagem rumo ao Brasil fosse interrompida.